O Itapevi Realidade reuniu os pontos de convicções mais fundamentais, passando desde questões filosóficas e comportamentais, até posições sociais, democráticas e econômicas. Pela transparência e honestidade intelectual para com o leitor, elas foram publicadas para que soubessem os valores que capitaneiam as coberturas jornalísticas do veículo.

Confira logo abaixo um resumo das crenças editoriais do Itapevi Realidade. E lembre-se: você não precisa concordar com elas. O que o jornal deseja é fomentar a discussão pública e tornar clara sua linha de pensamento.

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Cada pessoa, independentemente de qualquer outra característica inata ou comportamento que venha a adotar, tem uma dignidade intrínseca, que deriva do próprio fato de pertencer à espécie humana. Ela não é dada nem retirada por ninguém, nem pelo Estado, nem pela cultura, nem pelo consenso social. E não falamos da dignidade “da humanidade” em geral, mas de cada indivíduo: único e irrepetível, do maior crápula ao maior herói, cada um é digno ao menos deste respeito que deriva do fato de ser humano.

Reconhecer a dignidade especial de cada ser humano tem uma série de consequências: enxergar cada nova vida como um tesouro; defender com ardor o direito daqueles que são vistos como “inferiores”; combater a miséria – tanto a econômica, que retira da pessoa as ferramentas para que ela atinja sua realização, quanto a moral, que se manifesta na perda da noção do certo e do errado, levando a comportamentos degradantes como o uso de drogas, a pornografia, a prostituição, a mentira, a traição, o crime; e promover um ambiente de liberdade em que todos sejam capazes de atingir o melhor de si.

ÉTICA E A VOCAÇÃO PARA A EXCELÊNCIA

A ética não é apenas uma lista de “certos” e “errados” em que basta ficar do lado bom da linha divisória – o famoso “não mato, não roubo, não faço mal a ninguém”. Ninguém deveria se contentar em simplesmente “passar raspando” pela vida. Os antigos gregos viam a ética não como conjunto de normas, mas como a luta para sermos as melhores pessoas que pudermos ser: a excelência. E a excelência que devemos buscar, acima de tudo, é a excelência na virtude. Mesmo que tenhamos pouco talento em outras áreas, todos podemos ser virtuosos.

O BEM COMUM

O “bem comum” não é meramente sinônimo de prosperidade material. Também não é o “bem da maioria”, como querem os utilitaristas. O bem comum é um estado de coisas que permite a cada indivíduo buscar o próprio desenvolvimento integral. Para isso, a riqueza econômica não basta; o bem comum exige a existência de valores culturais e artísticos, um ambiente de paz e justiça, conhecimentos científicos e tecnológicos e um clima geral de estímulo pela busca da excelência, algo que cabe à sociedade, mais que ao Estado, promover.

Em qualquer comunidade, os principais protagonistas são seus membros, individualmente ou formando grupos para agir em prol de determinadas causas. Se o bem comum é o conjunto de condições que ajudam as pessoas a se desenvolverem integralmente caso queiram, quanto mais iniciativas elas mesmas tiverem, tanto mais provável é que se desenvolvam. O Estado é importante ao garantir essas condições, mas seu papel é subsidiário: uma única obra de arte pode valer mais para o bem comum que uma tonelada de leis.

O VALOR DA COMUNICAÇÃO

Comunicar significa “colocar em comum”. É algo que a humanidade sempre fez, e que a imprensa e a internet apenas potencializaram. Quando as pessoas colocam algo – uma alegria, uma tristeza, uma preocupação, uma indignação – em comum, elas fortalecem seus laços, e essa tem de ser a prioridade da comunicação social. Para isso, é preciso comunicar o que é mais nobre, o que nos une. Os veículos de comunicação, neste contexto, têm um papel fundamental na construção de uma sociedade livre, democrática e saudável, difundindo uma visão humanística renovada para que a sociedade possa fazer melhores escolhas.

O ESTADO DE DIREITO E A DEMOCRACIA

A necessidade imperiosa de uma Constituição, a separação dos poderes, o império da lei (subtraindo a arbitrariedade de caráter personalista), a afirmação de direitos e garantias dos cidadãos como limite à atuação do Estado e de uns cidadãos contra outros, constituem o cerne do que se convencionou chamar de Estado de Direito. E sem Estado de Direito não existe democracia.

Confiança nos demais, fidelidade, lealdade, honestidade, convicção de que o bem comum está acima das conveniências individuais, de que mesmo as melhores ideias não podem ser impostas pela força: todas essas posturas e virtudes são o antídoto ideal contra o individualismo do “cada um por si” que despreza o outro e destrói os valores democráticos.

PROPORCIONALIDADE E LIBERDADE PROFISSIONAL

Qualquer ordenamento democrático exige a aplicação do bom senso, de critérios racionais nas ações do poder público, evitando excessos. Isso significa que eventuais limitações às liberdades dos cidadãos têm de ser exceções e devem ser rigorosamente justificadas: elas permitirão atingir o objetivo desejado? São a maneira menos restritiva de chegar a esse objetivo? As vantagens superarão as desvantagens causadas pelas restrições impostas? Esse filtro tríplice ajuda a descobrir se uma medida é legítima ou não.

Como regra geral, o Estado não deve impor limites à atividade profissional. Isso significa que regulamentações legais, necessidade de diplomas e registro em entidades de classe, além de outras exigências semelhantes, normalmente não beneficiam a sociedade. É preciso superar esse assustador afã regulatório e acreditar mais nas pessoas. Mas nem todas as restrições ao exercício profissional são infundadas. Em nome do bem comum, o Estado pode intervir quando estão em jogo a vida, a saúde, a integridade física e a liberdade.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Apenas em um ambiente no qual vigora a liberdade de expressão o homem pode se relacionar com os demais de forma a desenvolver os seus potenciais. A liberdade de expressão é essencial para a democracia porque amplia os canais de participação política – por meio dela, a comunidade torna públicas suas demandas e pode fiscalizar seus representantes. Mas a liberdade de expressão também tem outras dimensões igualmente importantes. Ela permite, por exemplo, que os indivíduos conquistem sua autonomia espiritual e intelectual, por meio da arte e de outras manifestações da criatividade humana.